Por: Nicholas Duarte (Broadway Meme)
Os últimos filmes da Disney Animation Studios estão seguindo um caminho mais maduro ao desenvolver histórias que, mesmo com temática fantasiosa, trazem situações e pensamentos que se adaptam à nossa realidade sem perder a magia que conhecemos desde sempre.
Com Encanto, o estúdio conseguiu unir com maestria essa questão de trabalhar com temas complexos e atuais dentro de histórias encantadoras (com o perdão do trocadilho) tratando de assuntos como união, respeito e amor garantindo muitas risadas e lágrimas.
A história da 60ª animação Disney fala sobre o Milagre do Encanto que envolve a família Madrigal, onde cada membro é abençoado com um dom único que utilizam para ajudar a vila onde vivem, entre as montanhas na Colômbia. Porém Maribel é a única entre todos que não possui um dom, fazendo ela se sentir no dever de provar seu valor por se achar deslocada de todos. E quando a magia começa a enfraquecer, colocando todos em risco, Mirabel acredita ser a única capaz de salvar a família ou destruir tudo se falhar.
Possuindo semelhanças com Viva – A Vida é uma Festa, a base de tudo é a matriarca Alma que através de seriedade e rigidez zela pelo melhor para todos, mesmo que para alguns não pareça certo, e exatamente isso é o charme do filme. Mesmo a palavra da Abuela sendo a mais forte, o filme tem o tempo de desenvolver os membros da família e seus dons, onde todos mostram suas dúvidas, inseguranças e frustrações por trás da busca de serem perfeitos uns para os outros.
Vale destacar também que as músicas e cores são um show à parte. Cada número musical vai mais além em cenários, coreografias e imaginação, coisas que as últimas animações musicais (Frozen 2 e Moana, por exemplo) tiveram mais sutileza. Aqui a beleza está no exagero.
Com direção de Byron Howard, Jared Bush e Charise Castro Smith, o longa as vezes apresenta algumas notáveis divergências na visão. Não é algo que estrague a imersão no filme ou seja confuso, mas se torna apressado em uma cena emocionante (como o clímax do filme) sendo interrompida por alguma piada logo em seguida, ou então alguns casos que se não são resolvidos facilmente, ocupam mais tempo que o necessário sem levar a lugar nenhum.
Mesmo assim essas divergências apresentam um oposto que funciona dentro da narrativa, então ao mesmo tempo que somos apresentados à visão da família no geral, cada personagem individualmente também tem seu próprio pensamento e opinião. E essa personalidade é o que torna cada membro da família especial para quem assiste, assim como seus dons.
De brinde ainda temos a surpresa de um curta que antecede o filme: “Distante da árvore”, que contrasta as visões de inocência e perigo sobre o mundo através de uma mamãe guaxinim e seu filhote. Particularmente acho que pela direção de arte e som, entra facilmente na lista dos melhores curtas-metragens feitos pela Disney. Digno de Oscar.
Seguindo a ideia que já vimos em Soul, Luca e Raya e o Último Dragão, Encanto é um filme que fala sobre união, respeito e amadurecimento, coisas que nos dias atuais são tão importantes para viver e refletir. Trazendo um misto de sentimentos que vão te levar do riso às lágrimas facilmente e canções que grudam na mente que te faz querer ouvir até depois que acabar, é uma animação linda e necessária.