Rick Riordan conseguiu de novo. Com um toque de aventura, transformou um livro em uma aula de história e levou o leitor a uma viagem inesquecível pelo universo da mitologia romana.
“O Filho de Netuno” é o segundo livro da série “Os Heróis do Olimpo”. Rick Riordan resolveu inovar e fazer um “cross-over” entre a mitologia grega e romana, transformando mitos antigos em situações divertidas e adaptadas para os dias de hoje.
Sete meios-sangues responderão ao chamado.
Em tempestade ou fogo, o mundo terá acabado.
Um juramento a manter com um alento final,
E inimigos com armas às Portas da Morte afinal.
Para a alegria dos fãs do Tio Rick, trago uma ótima noticia, Percy Jackson está de volta. A vida de Percy Jackson nunca foi fácil, e como se já não bastasse o seu desaparecimento repentino (relatado no primeiro livro da série), em “O filho de netuno” ele perdeu a memória e tem que salvar o mundo das garras de Gaia (Mãe Terra) ao mesmo tempo em que luta para recuperar o seu passado e reencontrar a única pessoa que ainda se mantem viva e, sua memória, sua namorada: Annabeth Chase.
Como parte do universo romano, somos apresentados a um novo universo onde tudo se interliga à mitologia romana, incluindo um novo acampamento, o acampamento júpiter. Novos personagens principais são adicionados à trama, e são eles que vão ajudar Percy Jackson em sua missão a favor dos deuses. Frank é um personagem carismático, um semi-deus (filho de um Deus com uma humana) de uma linhagem antiga, de grandes heróis, príncipes e importantes figuras históricas em seu sangue. Junto com Frank, somos apresentados a Hazel, uma garota que voltou dos mortos graças a sua ligação com Plutão (Hades na mitologia grega), e que tem que lutar para aprender a conviver com uma terrível maldição que no começo foi vista como uma dádiva, pois trazia toda e qualquer riqueza da terra ao seu encontro, tais como diamantes e barras de ouro, mas com o tempo ela entendeu que essa dádiva poderia acabar por tornar-se uma maldição.
A química entre os três personagens principais é perfeita, Rick Riordan conseguiu desenvolver personagens que se completaram em forma de equipe, mesmo tendo suas origens rivais, das conhecidas batalhas entre gregos e romanos. A narrativa do livro é alternada entre o ponto de vista dos mesmos, dando um ritmo e maior abrangência aos ambientes e personagens apresentados durante a história. O autor proporciona ao leitor um livro com muita tensão, aventura e verdadeiras aulas de mitologia atreladas a um tom humorístico, principalmente do personagem Percy Jackson, embora eu sinta que as “piadas” e observações feitas por ele já não condizem mais com a atual idade do personagem, mas nada que vá afetar a leitura, é um pequeno ponto a ser considerado na obra de Rick Riordan.
– Olhem, senhoras, já conversamos sobre isso. Eu nem me lembro de ter matado a Medusa. Não me lembro de nada! Não podemos fazer uma trégua e falar sobre as promoções da semana?
Esteno lançou um olhar pidão para a irmã e fez beicinho, o que era bem difícil com presas gigantes de bronze.
– Podemos? Pág. 13
A tradução do livro não deixou a desejar, apenas alguns errinhos de concordância e questões de adaptação, como “Gaia” que foi descrita como “Deusa” no livro, quando na verdade ela é uma a titã, a “mãe terra”. O autor introduziu vários elementos e palavras romanas à narrativa e anexou um glossário no final do livro para ajudar os leitores em alguma duvida que possa surgir eventualmente durante a leitura do mesmo.
O Filho de Netuno não é apenas mais um livro de Rick Riordan, é uma combinação de romance, ação e mitologia, com uma narrativa cheia de reviravoltas e mistérios interligados que deixam os leitores desesperados pela continuação dos livros escritos pelo autor. Rick Riordan sabe o que está fazendo, escreve para todas as idades atrelando diversão ao conhecimento.